ERP ou BPM: qual o mais adequado para a sua necessidade
Os softwares de gestão modernizaram as empresas, especialmente por buscar a erradicação do fator erro humano e reduzir custos operacionais.
Muitas empresas entraram nesta onda tecnológica e adquiriam softwares que, atualmente, não são mais suficientes por si só. Em geral, estes programas exigem controles por planilhas não integradas ao sistema, bem como treinamentos complexos para utilizá-los, além de possuir diversos módulos que não se comunicam.
Tais problemas costumam implicar retrabalho, o que, consequentemente, gera custos extras para a companhia. Em um mercado altamente competitivo, essa perda de tempo e de lucro é decisiva para o sucesso da companhia.
A falta de uma gestão eficiente está entre as principais causas de fracasso dos novos negócios. Segundo relatado pelo SEBRAE, mais de 20% das empresas fecham logo no seu primeiro ano de existência.
Normalmente nossos novos clientes, preocupados com os rumos do seu negócio, já possuem um sistema de gestão empresarial e nos procuram com muitas dúvidas quanto aos problemas nele existentes. Dentre elas podemos citar:
- Qual sistema é o mais adequado para as minhas necessidades?
- Já tenho um sistema na empresa. Terei que comprar mais um?
- Como faço para medir e qualificar o trabalho realizado pelas minhas equipes?
- Como evitar fraudes, perda de receita ou de lucro em processos críticos?
- Como evitar retrabalho em meus processos de negócio?
- Quanto tempo terei que treinar os colaboradores para usar o sistema?
- Em quanto tempo terei retorno financeiro?
E muitas outras questões que responderemos neste e em textos futuros.
Visão geral
Com o escopo de responder à primeira questão supramencionada, necessário se faz definir alguns conceitos, tais como o de ERP e BPM. Desta maneira, o leitor será capaz de refletir e analisar qual sistema encaixar-se-á melhor em suas necessidades.
ERP (Enterprise Resource Planning) é uma ferramenta que visa a gerenciar operações relevantes para uma empresa. Muito comuns são os módulos para controle de finanças, contabilidade, recursos humanos, pagamentos, dentre outros.
Este sistema busca automatizar processos operacionais, organizar e concentrar informações relevantes para a companhia e, desta forma, auxilia a embasar a tomada de decisão.
Dificilmente um sistema de ERP, por si só, poderá atender a todas as necessidades da empresa. Em geral, é necessário customizar a solução de acordo com as atividades e realidade daquela.
Cabe ressaltar, ademais, que o ERP não é capaz de erradicar o fator erro humano, uma vez que depende do comprometimento e treinamento de seus usuários, os quais deverão incluir neste sistema informações que, de fato, espelhem a realidade organizacional. Esta alimentação, aliás, dependerá do processo da empresa.
Caso os dados incluídos estejam corretos, o sistema poderá trazer maior eficiência e precisão na análise e tomada de decisões, em especial quanto ao próprio rumo do negócio.
BPM (Business Process Management), por sua vez, é direcionado ao modo como a empresa gerencia suas operações. É um conceito que une gestão de negócios e tecnologia da informação com foco na otimização dos resultados das organizações através da melhoria dos processos de negócio.
Gartner, referência no assunto, define BPM como:
“(…) uma disciplina que usa vários métodos para descobrir, modelar, analisar, medir, melhorar e otimizar os processos de negócios. Estes coordenam o comportamento das pessoas, sistemas, informações e coisas para produzir resultados em apoio a uma estratégia de negócios. Os processos podem ser estruturados e repetitivos ou não estruturados e variáveis. Embora não seja necessário, as tecnologias são freqüentemente usadas com BPM. Este, segundo conclui o especialista, é a chave para alinhar os investimentos de tecnologia da informação (TI) e tecnologia operacional (OT) à estratégia de negócios”. (tradução livre)
Sua grande vantagem é criar um padrão para os processos da empresa e, com isso, é possível monitorar o andamento da organização de forma rápida através de indicadores de desempenho e, ainda, enxergar os gargalos. A bem da verdade, é um modelo de gestão, uma estratégia organizacional.
O BPM não depende da existência prévia de um sistema ERP, mas, no caso de haver um sistema prévio na empresa, ele poderá organizá-lo, corrigir gaps, integrar módulos e trazer maior eficiência para a empresa.
Como realizar a integração do BPMS ao ERP
O BPMS (Business Process Management Suites/System) é uma camada superior ao ERP, a qual gerencia, em um ambiente único, os processos e, diferentemente deste, propicia uma visão global, integra processos, reduz custos com licenças e com manutenções (visto que a manutenção é centralizada) e amplia o escopo de solução. O BPMS é focado na produtividade das pessoas e eficiência dos processos por elas realizados.
Gartner, com sua clareza ímpar, explicita que BPMS:
“(…) são as principais infraestruturas de aplicativos para suportar projetos e programas de BPM. Um BPMS suporta todo o ciclo de vida de melhoria do processo – desde a descoberta, definição e design do processo até a implementação, monitoramento e análise, bem como através da melhoria contínua. Sua abordagem, orientada por modelo, permite que os profissionais de negócios e de TI trabalhem juntos, ao longo do ciclo de vida, de forma mais colaborativa para a entrega da solução do que seria possível com outras abordagens”. (tradução livre)
Por ir além dos limites desenhados para o ERP, traz uma camada de segurança sobre este, já que os agentes externos não estarão interagindo com o ERP, mas sim com o BPMS, de uma forma mais segura, uma vez que este estará integrado àquele.
Sabe-se que para adaptar um ERP à realidade de uma empresa é necessário realizar diversas customizações. O BPMS ajuda, justamente, a reduzir essas adaptações ao tirar os processos do ERP e utilizar uma camada de processos superior àquele, que consegue ser mais flexível, mais dinâmica, mais adaptável aos anseios da organização.
As pessoas, desta forma, trabalham em uma camada de processo, a qual se integra ao ERP (que é mais rígido).
O BPMS permite reunir, numa mesma ferramenta, diferentes módulos ERP e planilhas diversas, integrar clientes, fornecedores e parceiros, bem como automatizar atividades manuais, otimizar ciclos de decisão e mudança, trazer maior eficiência e, por meio do gerenciamento dos processos, apoiar a tomada de decisões.
Logo, esta integração por processo ocorre naturalmente a partir de um ponto central.
Um cenário comum é a empresa já ter um ou mais módulos ERP e algumas customizações, mas a comunicação, muitas vezes, é prejudicada, o que exige um controle manual externo. Este tipo de prática, em regra, resulta a descredibilidade dos dados dispostos no sistema e uma desorganização generalizada, bem como uma dificuldade para treinar novos empregados.
Para solucionar este problema faz-se mister estudar os processos relevantes para a organização e, a seguir, mapeá-los. Assim, será possível definir o caminho que cada processo deverá percorrer, a sua comunicação com outros, bem como controlar todos os passos desses, a função que cada ator desempenhará etc.
Com isto, poder-se-á conhecer de forma clara todos os seus processos e realizar a comunicação entre estes, o que permitirá a reunião de todos os sistemas e das informações que antes estavam em duplicidade. O BPM permite o controle dos processos em uma ferramenta única, a qual permite gerenciá-los de forma confiável e, com base em boas práticas organizacionais, realizar melhorias contínuas.
Tais melhorias proporcionam o atingimento de resultados cada vez melhores, sejam eles nos produtos e serviços da empresa ou em processos internos. Com base nessas informações é possível, ainda, enxergar gargalos, atrasos e, inclusive, reduzir head counts.
Como sanar gaps do seu ERP
O BPM possibilita um controle direto sobre os processos operacionais e permite o seu gerenciamento. A integração de pessoas e sistemas se faz de maneira natural, por meio de uma ferramenta ágil e adaptável às necessidades do cliente.
O BPMS é utilizado para otimizar o ERP ou até como alternativa a este, reduzindo o tempo e custo das atividades. Aquele é responsável pela orquestração dos processos, já o ERP foca nas funções organizacionais.
Como solucionar os problemas recorrentes de retrabalho, evitar fraudes, perda de receita ou de lucro em processos críticos
Geralmente, a falta de organização, de controle sobre as atividades, sobre workflows, planilhas com dados dúbios ou não confiáveis, dentre outros, causa a necessidade de refazer o trabalho já realizado, bem como propicia a ocorrência de fraudes, o que implica prejuízo financeiro, perda de competitividade e, também, prejuízo para a imagem da empresa em relação ao consumidor.
Para resolver estas questões é imprescindível conhecer os processos da empresa, mapeá-los e controlá-los. Aliás, é inegável que uma empresa que não tem conhecimento sobre os seus processos está em desvantagem em relação às demais que usam da tecnologia para gerenciá-los e realizar melhorias.
O BPM promove uma mudança de cultura organizacional, capaz de trazer benefícios reais, mesmo em um curto prazo, sem burocratizar o serviço, visto que se trata de uma ferramenta de gestão robusta, mas extremamente simples de se configurar.
Com o BPM é possível conhecer de forma clara os seus processos, gerenciá-los, realizar melhorias constantes diariamente de maneira dinâmica e eficiente, bem como reduzir custos operacionais e, também, otimizar a execução dos trabalhos.
Treinamento para a utilização do BPM
Por indicar ao seu usuário qual o próximo passo a seguir, o BPM não impõe a necessidade de treinamento para a sua utilização e, ainda, reduz o fator erro humano.
BPM e Taxa interna de retorno
Segundo a Gartner Group, 78% dos projetos de BPM têm uma taxa interna de retorno (TIR) superior a 15%. As companhias passaram, então, a perceber um retorno rápido face às melhorias nos processos com a utilização do BPM (“Justifying BPM Project,” Gartner, 2004).
Para o grupo de analistas, “à medida em que as empresas tentam encontrar oportunidades de otimização de custos durante a crise econômica, os investimentos em gerenciamento de processos de negócios (BPM) podem proporcionar uma economia de custos de até 20% já no primeiro ano de implementação” (tradução livre). As empresas, deste modo, podem alcançar o retorno da sua implementação de BPM dentro de um ano.
Os pesquisadores em comento explicam, no texto supra mencionado, o aumento estratégico do uso de BPM pelas empresas que buscam enxugar custos em razão da crise econômica:
“Os problemas econômicos estão gerando maior uso de BPM como um mecanismo de redução de custos para a sua própria sobrevivência. Tem sido visto que um terço das companhias aumentaram seus investimentos em BPM. (… ) Este torna os processos empresariais visíveis tanto para gerentes de negócios como para TI, permitindo que eles trabalhem juntos e mudem processos de forma mais rápida e eficaz. Na economia turbulenta de hoje, as empresas precisam reduzir continuamente os custos e reagir rapidamente às mudanças do mercado”.
O BPM é uma estratégia comprovadamente eficiente tanto para pequenas quanto para grandes empresas alcançarem os seus objetivos. Ao explicitar as informações sobre a maneira como os processos são executados, possibilita uma visão do negócio como um todo de forma clara e, portanto, faz-se possível enxergar melhor seus entraves e falhas a fim de corrigí-los e realizar melhorias. Diante desta visão holística do negócio, o gerenciamento tornar-se-á mais eficiente e as decisões mais assertivas.
Considerações finais
Diante das considerações acima propostas, qual o software de gestão mais adequado para a sua empresa? ERP ou BPM? A resposta é: depende do caso concreto.
O ERP dificilmente será autossuficiente para abranger todos os anseios da empresa, o que implicará a sua customização. No entanto, caso a necessidade da organização seja apenas a aquisição de um módulo específico (por exemplo, precisa-se apenas de controle do RH ou de pagamentos), o ERP poderá ser adequado.
O problema que se vê com certa frequência é que a sua customização é custosa, exige aquisição de licenças e a sua manutenção pode demandar custos mais elevados. Você pode estar se perguntando: “mas por que terei que customizar?”. A resposta é simples: cada empresa possui a sua realidade e estes módulos “prontos” não necessariamente espelharão a sua realidade.
Um bom exemplo é a utilização de um software de gestão desenvolvido para uma grande rede de farmácias e aplicado, da forma como foi concebido, em uma pequena farmácia. Certamente ele abrangerá itens dispensáveis para esta e deixará de dispor de certas particularidades, o que resultará a customização e maiores gastos.
O BPM traz a vantagem de reduzir a customização, de aquisição de licenças e é uma estratégia organizacional capaz de unir gestão de negócios e tecnologia da informação com vistas à otimização dos resultados das organizações por meio da melhoria dos processos de negócio.
Por estar em uma camada superior ao ERP, o BPM propicia a reunião de todas as ferramentas de gestão em um ambiente único, integração de clientes, fornecedores e parceiros, bem como automatização de atividades manuais, otimização de ciclos de decisão e mudança, gera maior eficiência e, por meio do gerenciamento dos processos, dá suporte à tomada de decisão.
De acordo com Gartner, existem 3 camadas: a de registro, a de diferenciação e a de inovação.
- A camada de Registro traz soluções comuns, tais como o ERP, que é um produto fechado vendido para várias empresas e, desta maneira, não a diferenciam no mercado. Implementam regras de mercado, legislação ou melhores práticas do setor;
- Na camada de Diferenciação há uma customização e a implementação de regras de negócio específicas da empresa que implicam a diferenciação em relação aos seus concorrentes;
- A camada de Inovação, como o próprio nome sugere, tem o intuito de inovar, de busca soluções novas, disruptivas e, assim, destacar a empresa no mercado.
Segundo Gartner, o BPM está tanto na camada de diferenciação de mercado como na de inovação.
Já o ERP está na camada das soluções comuns, até porque normalmente é utilizado o mesmo sistema em diversas empresas, sem que seja levada em consideração as suas necessidades específicas e seus objetivos.
Na verdade os dois não são excludentes e podem coexistir harmonicamente.
O BPMS, aliás, pode ser integrado ao ERP ou até mesmo substituí-lo. Em conjunto com o ERP, possibilita a sua otimização, organização e gerenciamento. É capaz de gerar eficiência na gestão de processos de qualquer tipo de negócio, trazendo redução de custos operacionais, maior agilidade na obtenção de dados e ganho expressivo de eficiência em diversos processos através de uma solução robusta e, ao mesmo tempo, extremamente simples de se configurar.
Muitos estudiosos, tais como Jim Rudden, concluíram que o BPM é o melhor investimento que uma empresa pode fazer por enxugar custos e melhorar continuamente o seu negócio. Ademais, conforme o autor, processos melhores produzem custos mais baixos, maiores receitas, funcionários motivados e clientes mais felizes.
Para escolher o melhor investimento para a gestão empresarial, o primeiro passo é identificar os problemas e os limites da empresa. Após isto, poder-se-á mapear os seus processos visando a realizar melhorias e a superar os limites até então existentes. Com base nestas informações, será, então, possível escolher a ferramenta mais eficiente para impulsionar o seu negócio e reduzir custos operacionais com menor risco e maior retorno.